Participação de importados no Brasil deve crescer de 10% para 15% em 2018

DCI

 

Sem a definição de uma política setorial clara para a indústria automotiva ainda no primeiro trimestre de 2018, a participação dos veículos importados no mercado brasileiro este ano deve aumentar de 10% para 15%.

 

A projeção é do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, que também garantiu que o presidente Michel Temer se comprometeu a aprovar o programa Rota 2030 em fevereiro. “As empresas que já importavam vão, em um primeiro momento, aumentar as suas vendas, e isso vai se estabilizar em torno de 15% a 20% nos próximos anos. O importante é continuar aumentando a exportação junto com a importação”, afirmou o dirigente.

 

Sobre o Rota 2030, programa que irá substituir o Inovar-Auto, encerrado em 31 de dezembro de 2017, Megale disse que é imprescindível para a indústria, mas que não espera isenções tributárias ou aumento do protecionismo. “Temos que ter apoio à pesquisa e desenvolvimento, aproveitando o etanol como vantagem competitiva. O Rota prevê a organização do setor a médio e longo prazo. Nós não estamos falando em nenhuma medida protecionista dentro do programa”, avalia.

 

Porém, segundo Megale, o pleito dos fabricantes de automóveis é de que as condições de subsídios para as empresas que investem em inovação, principalmente em termos de utilização de biocombustíveis, sejam mantidas no Rota 2030. “Nosso objetivo é que as empresas que fizerem investimentos ganhem um subsídio de 50% do que foi investido em pesquisa e desenvolvimento até o limite de 1% da receita operacional líquida, algo próximo ao que garantia o Inovar-Auto”, expressou ele em evento na capital paulista.

 

Em 2017, as importações de veículos fecharam em queda de 17%, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), que espera crescimento em 2018. A associação prevê que sejam importados 40 mil veículos neste ano, contra 29,7 mil em 2017.

 

“Com o fim das cotas limitadoras e sem os 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI extras, esperamos recuperar nossa participação no mercado interno, que no ano passado foi de apenas 2,21% somando importados “puros” e veículos produzidos por nossas associadas no Brasil”, relata, em comunicado à imprensa, o presidente da Abeifa José Luiz Gandini.

 

Exportações fortes

 

Em 2017, as vendas de automóveis totalizaram 2,24 milhões de unidades, um avanço de 9,2% em relação ao ano anterior. Para 2018, a Anfavea estima vendas de 2,5 milhões de unidades no mercado doméstico, o que significaria um crescimento de 11,7% em relação ao ano passado.

 

Já a produção de veículos, por sua vez, teve desempenho ainda melhor, crescendo 25,2% em 2017, para 2,7 milhões de unidades. Os representantes da Anfavea atribuíram o bom desempenho ao aumento expressivo das exportações, que quebraram recorde em 2017, ao atingir 762 mil unidades, uma expansão de 46,5% na comparação com 2016. “A média dos últimos dez anos foi de uma exportação de 400 mil unidades e, em 2017, chegamos a 762 mil”, disse Megale.

 

Para ele, o desempenho reflete três fatores principais: a busca por alternativas ao mercado interno – recessivo – pelas empresas do setor, novos acordos comerciais ou expansão de tratados antigos pelo governo e o câmbio mais depreciado. “Esperamos bater um novo recorde esse ano, com 800 mil unidades exportadas”, prevê.

 

Megale deu especial ênfase ao acordo automotivo entre Brasil e Colômbia, publicado no dia 21 de dezembro, que instituiu a cota de exportação de 25 mil carros por ano para aquele país. “Devemos ultrapassar essa cota e exportar por volta de 30 mil unidades em 2018 à Colômbia.”

 

Por fim, Megale lamentou a saída do ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, do cargo. O dirigente espera, contudo, que a equipe do ex-ministro seja mantida, o que ajudaria no andamento das negociações a respeito do Rota 2030. (DCI)