Anfavea vê sinais de retomada, mas se preocupa com reforma da Previdência

DCI/Agência Estado

 

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmou que a indústria observa os primeiros sinais de recuperação, mas afirmou que vê com preocupação o andamento da reforma da Previdência.

 

“A não aprovação da reforma pode atrapalhar investimentos no País todo se os agentes econômicos avaliarem que o País tem maior dificuldade de fazer seus ajustes de contas. As decisões de investimento podem ser comprometidas mais à frente”, disse em coletiva de imprensa após a apresentação dos dados de outubro.

 

Megale afirmou que a Anfavea está esperando algum desfecho dessa situação para definir suas projeções para 2018. “Estamos vendo movimentação do Congresso para apoio das reformas. Sem avanço das reformas, isso pode prejudicar desenvolvimento do País”, reforça. Mas ele completou que o crescimento da produção no ano que vem deve ser maior que a de 2016, “chegando próximo dos dois dígitos”.

 

Para este ano, a Anfavea não alterou suas previsões. Para a produção de veículos, espera 2,7 milhões, aumento de 25,2% ante 2016. No caso das vendas internas, a projeção é de 2,2 milhões este ano, o que representará alta de 7,3% em relação ao ano passado. Já para a exportação, a expectativa é de 745 mil unidades, elevação de 43,3% ante 2016 e, segundo Megale, será um recorde histórico.

 

No caso da reforma trabalhista, o presidente da Anfavea elogiou a medida e disse que a principal mudança para o setor é a maior segurança jurídica para negociar com os sindicatos. Segundo ele, mesmo acordos que beneficiam também os empregados são questionados na Justiça. “Há outras mudanças que estão em fase de avaliação, mas sobre esse ponto já temos segurança a partir do dia 11.” Megale também afirmou que a queda de ações trabalhistas possibilitadas por esse novo instrumento também dará maior confiança ao empresário para contratações, estimulando-as.

 

Rota 2030

 

Megale afirmou que a expectativa é que a legislação do Rota 2030, novo regime automotivo que deverá suceder o Programa Inovar-Auto, deve ser publicada até o fim do ano. O Inovar-Auto se encerra em 31 de dezembro. Contudo, Megale avaliou que essa legislação será somente um primeiro esboço e que a indústria continuará a debater outros pontos, principalmente de logística e infraestrutura.

 

“O Rota 20310 vem trazer uma política de longo prazo, mas entendemos que a medida provisória deve ser um primeiro esboço. Vamos continuar trabalhando em questões setoriais”, disse ele em coletiva após a apresentação dos dados do setor de outubro.

 

Segundo Megale, no novo programa, a sobretaxa do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) deve ser de 10% a 15%, enquanto no Inovar-Auto era 30%. Depois, se as montadoras cumprirem algumas metas de eficiência energética e de segurança, por exemplo, segundo Megale, podem obter descontos sobre essa taxa.

 

Exportação

 

Megale mostra otimismo com as exportações do setor, que, no acumulado do ano, chegaram a 627,8 mil unidades e devem alcançar um recorde em 2017, segundo a estimativa de 745 mil unidades embarcadas da associação. Contudo, o presidente da Anfavea diz que há uma preocupação sobre a retenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por parte dos governos estaduais, principalmente de São Paulo. Megale avalia que, caso esses recursos não sejam devolvidos às montadoras, poderá haver desestímulo à exportação.

 

Ele explica que as empresas pagam o imposto quando compram peças para a produção, mas, como a exportação é isenta, devem ter esses valores devolvidos. Contudo, segundo ele, o Estado de São Paulo mantém cerca de R$ 6 bilhões retidos da indústria. “Isso é uma coisa preocupante. Se a indústria não tem perspectiva de receber tem que contabilizar esses créditos como prejuízo, o que pode ser uma desestímulo à exportação”, disse Megale, que informou que a Anfavea está em tratativas com o governo estadual e que espera resolução até o fim do ano. (DCI/Agência Estado)