Autônomos e conectados

Folha de Londrina

 

Conectividade e autonomia. Esses são os principais atributos dos novos caminhões apresentados nesta semana ao público durante a maior feira de transporte da América Latina, a Fenatran, no Centro de Convenções Imigrantes, em São Paulo. A cada nova geração, os veículos de carga ganham dispositivos inteligentes que substituem a ação dos motoristas sobre eles. E ainda permitem ao gestor da frota monitorar à distância suas performances e possíveis defeitos.

 

Apesar das muitas novidades, Claus Nielsen, presidente mundial da Volvo Caminhões, afirma que a indústria de caminhões está “apenas arranhando a superfície” das transformações tecnológicas que estão por vir. O grupo, que investe 2 bilhões de dólares por ano em tecnologia, apresentou neste ano o primeiro caminhão autônomo desenvolvido no Brasil, na fábrica de Curitiba. “Foi uma solução excitante, um trabalho fantástico realizado pelos engenheiros brasileiros”, declarou ele em coletiva de imprensa.

 

O primeiro veículo, um Volvo VM, foi feito para a Usaçucar – Usina Santa Terezinha de Maringá. Com precisão milimétrica, o caminhão faz a colheita da cana evitando o pisoteio dos brotos. O motorista vai dentro da cabine, mas só acompanha o deslocamento do veículo que faz todo o trajeto na lavoura sozinho, graças a um mapeamento da área gravada em GPS. A usina calculou que pode obter uma economia anual de R$ 50 milhões com a novidade.

 

Se por um lado, o caminhão autônomo já pose ser considerado uma realidade no meio rural, ainda vai demorar para que ele trafegue por rodovias e vias urbanas, conforme afirmou Lyle Watter, presidente da Ford Caminhões na América do Sul. ”Para muitos, a autonomia dos caminhões é algo muito distante. De fato, vai demorar muito para termos um caminhão autônomo rodando pelo País. Mas a semiautonomia já é uma realidade”, disse.

 

Entre outros lançamentos, a Ford Caminhões apresentou seu Cargo Conect 8×2 se- miautônomo. Ele é equipado com funcionalidades do tipo: sistema autônomo de frenagem, alertas de ponto cego, de permanência em faixa e de fadiga para o motorista, além de ajuste automático de torque conforme o peso e condições de rodagem.

 

O novo Actros, vedete da Mercedes-Benz na feira, vem com um piloto automático mais inteligente, que oferece, segundo a montadora, praticidade e economia no dia a dia da operação do caminhão. No piloto automático tradicional, a inteligência está configurada para o caminhão atingir a velocidade ajustada o mais rápido possí- vel, ou seja, em máximo desempenho, aplicando-se o máximo torque e potência.

 

Já a nova versão está configurada para economia de combustível, isto é, o sistema reconhece as condições da pista (inclinação) e carga, por meio dos sensores do veículo, e ajusta a demanda de torque e potência do motor orientando-o para trabalhar com economia de combustível.

 

Conectividade 

 

Além de mais inteligentes, os caminhões ganham cada vez mais conectividade. À distância, o gestor de uma frota tem condições de saber quase tudo que está acontecendo com o veículo, obtendo dados desde o estilo de condução do motorista, velocidade média, consumo de combustível, até intervalos de manutenção. Um dos destaques da Scania na Fenatran é o sistema de gestão de frotas Serviços Conectados. O sistema interliga o caminhão ao gestor da frota e à rede concessionária. O próprio caminhão comunica ao sistema quando uma manutenção preventiva é necessária.

 

Outras novidades

 

A DAF, que tem fábrica em Ponta Grossa, levou para a Fenatran os dois modelos off road que vai começar a comercializar no início de 2018: o CF85 e XF105 para operações de cana de açúcar e madeira, respectivamente. Até então, a montadora só produzia esses modelos na modalidade rodoviária. Agora, a marca – que pertencente ao grupo norte-americano Paccar – aumenta de dois para quatro modelos de caminhões produzidos no Brasil.

 

Ricardo Coelho, diretor de Desenvolvimento de Produtos da montadora, disse que o desenvolvimento dos off road envolveu o trabalho de 100 engenheiros do Brasil e Holanda. “São modelos que rodam 24 horas por dia e que foram testados em condições bastante severas”, contou.

 

Já o presidente da MAN na América Latina, Roberto Cortês entrou no espaço de coletivas da feira, no último domingo, dirigindo o protótipo daquele que, segundo ele, é o primeiro caminhão 100% elétrico produzido no Brasil. O veículo leva a marca Volkswagen, pertencente à MAN no Brasil. “Tem autonomia de 200 quilômetros e suas baterias levam 15 minutos para carregar”, disse. No início de 2018, de acordo com Cortês, o caminhão passa a ser testado pela Ambev, na distribuição de bebidas na cidade de São Paulo.

 

Outra novidade é da montadora é o Delivery Express, para 3,5 toneladas. “Esse caminhão vai a todo lugar que os carros vão. Não sofrem restrição de tráfego”, afirmou. O presidente contou que qualquer motorista com carteira de habilitação na categoria B pode dirigir o veículo. (Folha de Londrina/Nelson Bortolin)