Fabricantes de motores retomam otimismo com mercado brasileiro

DCI

 

Os fabricantes de motores estão mais otimistas com o mercado brasileiro. Para este ano, as empresas projetam crescimento decorrente da melhora do cenário econômico e das novas exigências de emissões em máquinas agrícolas e de construção.

 

A norte-americana Cummins prevê aumento de 28% da produção neste ano, após um período extremamente difícil entre 2014 e 2016. “A crise política ainda não passou, mas é evidente que a equipe econômica do governo está conseguindo devolver a confiança ao País, o que já se reflete em crescimento da demanda”, afirmou ao DCI a diretora executiva da companhia no Brasil, Neuraci Pereira de Carvalho.

 

Além da retomada da produção de veículos pesados e do crescimento do agronegócio, a fabricante aposta em novas tecnologias para a sustentabilidade da operação brasileira no médio e longo prazo. “Vamos continuar investindo em produtos com mais tecnologia embarcada”, complementa ela.

 

Já a fabricante de motores FPT, do grupo CNH, enxerga oportunidades no programa de controle de emissão de poluentes para máquinas agrícolas e de construção – conhecido como MAR-I.

 

A transição das novas regras começou a valer no início deste ano e serão concluídas em dezembro de 2018, quando 100% das máquinas produzidas no Brasil terão que atender às novas exigências.

 

Segundo o presidente da FPT Industrial na América Latina, Marco Rangel, com a mudança na lei esperava-se uma antecipação de compras, entretanto, essa expectativa não se concretizou.

 

“Esperávamos um aumento dos volumes que não aconteceu. Mas para o ano que vem, teremos certamente uma alta das vendas decorrente das novas exigências”, afirma Rangel.

 

Para este ano, o executivo espera um crescimento do mercado de motores entre 5% e 10%. “Nós devemos acompanhar este desempenho”, diz.

 

Neuraci, da Cummins, comenta que hoje a matriz já consegue vislumbrar o mercado brasileiro com outros olhos. “Na crise, enxugamos custos, mas não deixamos de investir em inovação e tecnologia. Estamos prontos para atender às novas demandas, inclusive no âmbito do MAR-I”, ressalta.

 

A empresa já produziu mais de cem mil motores na planta de Guarulhos (SP) e, no ano passado, fabricou apenas 28 mil unidades. Para 2017, porém, a expectativa é atingir 32 mil motores. “Além das vendas no mercado local, também estamos exportando”, pondera.

 

A FPT tem capacidade instalada de aproximadamente 75 mil motores em Sete Lagoas (MG) e, no ano passado, produziu 36 mil unidades no complexo. “No auge da crise, chegamos à uma ociosidade de 70%. Hoje, esse índice é bem menor”, pontua.

 

Em 2017, a expectativa da companhia é atingir um volume adicional entre 1,8 mil e 3,6 mil unidades em relação ao ano passado. “Com a queda da taxa básica de juros (Selic) e da inflação, hoje está mais interessante para o investidor apostar em bens de capital”, reforça Rangel.

 

A executiva da Cummins também enxerga com otimismo o cenário econômico. “Não estamos eufóricos, mas os sinais de recuperação são muito positivos”, observa Neuraci.

 

Apostas

 

Para 2018, as fabricantes vislumbram um cenário positivo. Rangel acredita que a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) e a recuperação das cotações das commodities agrícolas devem impulsionar o mercado.

 

“Estimamos um crescimento de 10% das vendas de caminhões e ônibus e de aproximadamente 8% para máquinas agrícolas e de construção em 2018”, diz Rangel. Neste sentido, o executivo afirma que a FPT deve acompanhar a expansão do mercado.

 

Já a diretora da Cummins avalia que o Brasil tem potencial para a venda de 100 mil caminhões por ano. Em 2017, as montadoras projetam pouco mais de 45 mil unidades. “Se o País estimular investimentos em infraestrutura e renovação da frota, podemos facilmente dobrar o volume de vendas de caminhões”, diz. Neuraci elenca, entre os pilares para o crescimento sustentável, “reter talentos, buscar rentabilidade e não deixaremos de investir”. (DCI/Juliana Estigarríbia)